quarta-feira, 23 de maio de 2012
Mais uma noite, menos um dia. A chuva bate na janela e o vento varre tudo. O pequeno garoto se encolhia em sua cama. Cada batida do seu coração doía. A música soava cada vez mais dolorosa a cada segundo. Tinha que fazer uma escolha, tinha que ir embora, tinha que arrancar toda aquela dor fora. Ele não quis tentar. Optou por desistir e ir embora. Sentiria falta do seu quarto, do seu cachorrinho, da sua mãe. Sentiria falta da sua casa, dos seus amigos. Sentiria falta dessa vida. Pena ele estar irreparavelmente magoado e confuso, pena ele não conseguir pensar claramente por causa dos remédios que havia tomado. Pena não ter reparado nas fotos em seu mural. Pena seu pai ter deixado a arma em alcance fácil. Talvez alguma coisa o fizesse desistir. Mas ele não se permitiria fraquejar. Já fraquejara demais. Já desistira tantas vezes e se lamentara diariamente por se permitir respirar, por deixar que algo monstruoso caminhasse por entre as pessoas sem nenhuma punição. Concluíra que a punição era a própria mente. Estava preso numa gaiola. Enlouquecera. Mas não duraria muito. Tudo é frágil. Puxou o gatilho e não sentiu nada. Apenas topor. Dormiu, dormiu com um sorriso pois livrou-se de toda dor e agonia.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário