"Mas, hoje em dia, as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram-se da mais elevada das obrigações, a obrigação que devemos a nós mesmos. Mas é claro, são caridosas. Alimentam os famintos, vestem os mendigos. Suas próprias almas, entretanto, sentem fome, estão nuas. A coragem desapareceu dessa raça, e, talvez, jamais tenha existido entre nós. O terror da sociedade, base de toda moralidade, o terror de Deus, segredo da religião... São essas coisas que nos governam. E, mesmo assim, creio que se o homem vivesse uma vida plena, completa, se desse forma a toda sensação, expressão a todo pensamento, realidade a todo sonho, creio que o mundo conquistaria um impulso, tão novo, de alegria, que esqueceríamos de todos os males do medievalismo, e retornaríamos ao ideal helênico, a algo mais requintado, mais substancial mesmo, quem sabe. Mas entre nós, o homem mais valente, tem medo de si próprio." (O retrato de Dorian Gray)
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