s.f. - Particularidade comportamental própria de um indivíduo
(Etm. do grego: idiosugkrasía.as)
Dedicação, paciência; É necessário ter bolas para amar alguém. E talvez um bom estômago. Não é como nos filmes, não vem fácil, não se fica pra sempre. É preciso ceder, é preciso ter coragem, é estar disposto a se ter nós na garganta, a sentir o ácido do vômito subir à garganta. É necessário bons olhos, bons ouvidos e boa percepção para captar a loucura do outro, é imprescindível se apaixonar por tal loucura. Se apaixonar por tal loucura, viajar na mente do outro, olhando nos olhos, falando coisas desconexas, mas se sentir feliz. Por estar naquele momento, estar feliz de estar rindo com sua pior risada, de estar gritando bêbada na rua, de acordar desgrenhada e mesmo assim ainda enxergar os olhos, os mesmos olhos do outro te olhando como se você fosse um prêmio, como se você fosse a recompensa, como se você fosse a melhor pessoa do mundo. É preciso se apaixonar pela demência, e não a medicinal, sim a da alucinação, delírio, desvairo, insânia. É estar confortável ao lado da outra pessoa no seu pior estado, seja físico seja mental. É se apaixonar por um defeito, é amar o horror do outro. É fechar os olhos e se transportar pra pior cena, mas mesmo assim, enxergar a beleza de tal, porque a pessoa que você ama está lá. Amor não é como no cinema. Não é como nos livros. É muito pior. Amar é estar em um pesadelo e insistir em tal. É ter choques de realidade. É mergulhar na loucura. É amar a loucura do outro.
O amor é uma desgraça. Mas que desgraça miserável de boa, que me faz querer viver tudo de novo.