quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Poison Oak

Is it normal to feel like you're dead inside?

Não desiste hoje. 
Tenta mais uma vez.
Aguenta mais um pouco. 
Faz a volta pelo outro lado.

Ontem a noite eu vi a lua caindo, eu vi os demônios saindo de dentro de seus buracos. 
Eu os vi, eles rastejavam, eles vinham me buscar. 
Eu sabia que eles viriam por mim, eu havia chamado por eles. 

Ontem a noite eu vi o inferno que existia sob mim se mostrar sobre a terra.
Eu senti a lâmina afiada das palavras que os demônios proferiram  na minha pele. 
Eles estavam declarando guerra, eles me queriam com eles.
Eu não relutei. Eu quis ir embora. 
Eu mergulhei fundo, fechei os olhos e me senti esvair.

Eu pude sentir o tudo e o nada constantemente e pausadamente.
Eu senti os vermes comendo minha pele. 
Eu senti a alegria. 
Nunca mais não saberia como lidar.
Eu ouvi pessoas gritando por mim. 
E eu apenas não relutei. Eu quis ir embora.

Ninguém entenderia. Ninguém saberia.
Ninguém haveria sentido a pressão esmagadora dentro de mim.
Ora, se não há escape, uma hora haveria de explodir. 
Vocês já não esperavam por isso? 
Não entenderam que, mesmo antes, já seria tarde demais pra me salvar?

Me chamaram de egoísta. Culparam minha falta de crença nos Deuses.
Apontaram todos os dedos, gastaram voz em me acusar.

Fizeram tudo que podiam, de uma forma reversa. 
Ajudaram a me decidir. 

Ao mergulhar com os demônios, eu rezava.
Não esqueçam de quem eu fui.
Não esqueçam das coisas boas que pratiquei
Não deixem minha risada ser substituída por minha imagem pálida.
Não esqueçam que um dia eu pertenci a algum lugar,
Nem que tenha sido por alguns segundos.

Então, por horas e mesmo assim, tão brevemente
Tudo aconteceu.

You said you weren't afraid to die.






quarta-feira, 22 de março de 2017

Um buraco negro é uma região do espaço da qual nada, nem mesmo partículas que se movem na velocidade da luz, podem escapar. 
Este é o resultado da deformação do espaço-tempo, causada após o colapso gravitacional de uma estrela, com uma matéria astronomicamente maciça e, ao mesmo tempo, infinitamente compacta e que, logo depois, desaparecerá dando lugar ao que a Física chama de singularidade, o coração de um buraco negro, onde o tempo para e o espaço deixa de existir. 
Um buraco negro começa a partir de uma superfície denominada horizonte de eventos, que marca a região a partir da qual não se pode mais voltar.

segunda-feira, 21 de março de 2016

vi de o tape

-- Na dermatologia, um calo é uma área dura de pele
 que se tornou grossa e rígida como uma resposta
 a repetidos contatos e pressões.

     O corpo humano se adapta as mais diversas situações. Claro que somos uma dualidade, corpo e espírito. Me questionei hoje se haveria alguma forma de calejarmos nossa alma. Nos deixar levar por todas as pancadas, pressões, arranhões, até que não haja mais dor. Até que não haja mais nada para sentir. Me questiono também se todo sofrimento é necessário, me questiono o que faz a alma evoluir.

     Certamente não há respostas. O que nos faz humanos é o sentir ou o fazer? O que nos traz a consciência do existir se não as experiências que colhemos no dia-a-dia? Experiências externas que através da química tem o poder de modificar o nosso 'ser/ estar' por dentro. Através dessas experiências podemos nos prevenir do que virá, o que nos traz outro questionamento. Até quando a prevenção se torna isolamento? Quem poderá quebrar as barreiras e provar que vai ser diferente?

    Se a não-humanidade é o preço que se paga para não sentir mais dor, mais angústia ou pânico; quem estará disposto a pagar? Se há um lado que te torna humano tomado por obscuridade e sentimentos ruins, como seria quando a felicidade chegasse? Será que existe essa balança? Que é necessário sentir a escuridão para depois se obter a luz? Vale realmente a pena?

    A insensibilidade nos traz não apenas o fato de evitar a dor, mas evitar os sentimentos em geral. Acredito que no fim da vida, com tanta experiência acumulada, há os que não prefiram se calejar. Com a maturidade poderemos aprender que todo processo é necessário. O de cura e o de dor. Talvez o que magoe hoje não seja lembrado daqui há um ano. E isso também é triste. A cada experiência parte de nós nasce e morre. Mas quem vai junto quando se morre? Que pedaço de mim essa experiencia levará? Que pedaço de quem vai trazer quando uma parte de mim renascer? 

  O que concluo é que não devamos nos apegar a períodos. Não nos apeguemos a memórias. Não nos apeguemos à detalhes. Eles irão morrer e se você não deixar ir, parte de você irá morrer também. Tornando você pessoa de pele morta. Imune à toda a felicidade ou desgraça do mundo. Tornando você não-humano. Isso é totalmente possível, mas.. a preço de quais pedaços?

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Cavalier

"Você não é uma má pessoa pelas maneiras que tenta matar sua tristeza"

     Como são estranhas as maneiras que as pessoas tem de lidar com términos. Lidar com a tristeza e com o fato de que sim, estão só. Talvez seja um processo necessário para que toda criatura existente na terra possa se perceber. Possa notar que, embora 90% das músicas digam o contrário, é possível ser feliz sozinho. Ninguém é de ferro, todo mundo fica na fossa alguma hora. E a mágoa leva as pessoas a se tornarem pessoas que elas não são. As pessoas são absorvidas por tais relacionamentos e esquecem quem são fora dele. Quando o namoro acaba, ficam sem saber quem são, pra onde estão indo. E é nessa hora que você decide se quer ser a pessoa obcecada ou a pessoa que junta os cacos, arruma a mala e vai embora. 

    Ir embora talvez seja a decisão mais difícil que deva ser tomada na vida. É muito difícil você olhar pra trás e reconhecer lugares, luzes e canções. Pra onde quer que você vá, vai existir um pedaço de história seu e do seu ex par. Acho que é assim que pulamos pra fase do término onde tudo de ruim que aconteceu é esquecido e o que fica é apenas a saudade. Saudade dos momentos bons, das risadas por bobagens que só os dois entendiam. É como se vocês estivessem dentro do filme "Inception". Vocês estavam juntos, construíram um mundo e de repente alguém pulou fora. Cabe a você decidir se você sozinho é capaz de cultivar e cuidar desse mundo, ou se você vai voltar pro seu antigo mundo (Por que sim, os mundos mudam e isso não pode ser negado). 

   A questão principal é quem você vai ser ao fim de tudo. Você vai ver que nada material vai perdurar. As coisas são só coisas. O que vai ficar é o que você sentiu. Mesmo que tenha sido sentido de forma singular. O que eu quero dizer é que não adianta você querer magoar alguém só por estar magoado. Não adianta infantilizar uma relação que foi bonita, mas que precisa ser parada. Não adianta se fechar. É tudo perda de tempo. Estamos no mundo para ser humanos, para sentir amor, tristeza, felicidade, euforia. De que adianta se robotizar e se privar de sentimentos por puro medo? 

   Seja sempre verdadeiro consigo mesmo. É só o que importa. Não se auto-destrua, não magoe, não insista. O que é seu vai ser seu no devido tempo. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Veronika decide morrer

And I sat watching a flower
As it was withering
I was embarrased by it's honesty


15/10
Um dia ordinário.
Assim como ela. 


              Veronika estava sentada no escritório enquanto ouvia repetidas vezes a música que seu companheiro de planos a indicou, anos atrás. Fazia muito tempo, e - como todos, ele já havia ido embora. Faltava apenas alguns minutos para ela poder voltar pra casa. Era até engraçado esse conceito de 'casa'.  "Casa não era pra ser o lugar onde você sente que pertence?" E quando não pertence a lugar algum? Onde será sua casa? 
Em meio a devaneios, se viu interessada, até demais, pela janela de sua sala. "Bem alto" pensou.  
Não queria se jogar daqui e causar sujeira, choque aos seus parentes e amigos, nem atrapalhar a vida de seus colegas de trabalho. Já havia feito estrago suficiente na vida de todos. 

              Ela havia decidido que se arrumaria nesta noite. Colocaria sua melhor roupa, se maquiaria da forma mais bela, faria enormes cachos no seu cabelo cor-de-rosa. Não se surpreendera com a frieza de seus pensamentos ao planejar seu suicídio, eles estavam congelados por anos.  Ela não queria nada chocante, só queria algo limpo. 

              Saindo do trabalho iria apreciar o ar da noite, sendo a última vez. Entrou em casa, viu cada pedaço de si dentro da mesma. "Como é confuso.." Viu o local onde cresceu, onde caiu de patins, onde teve as inúmeras brigas com sua irmã. Entrou no seu quarto antigo e se deixou devagar  pelas suas memórias. Foi tudo muito bonito. Escreveu cuidadosamente sua carta de despedida. Tudo planejado para parecer como uma fuga. Mais uma arte da louca Veronika, ninguém nunca mais a acharia. Se despediu de seus cachorros, fechou a porta. E caminhou para seu destino. Para nunca mais sentir dor, para nunca mais se decepcionar. Seria apenas paz agora. Seria apenas ela e o nada de uma forma onde o nem o nada poderia machuca-la.

              E foi assim que Veronika morreu. Num dia comum, numa semana sem acontecimentos. Ela havia se identificado com o dia. Só mais um dia, ninguém se importava com o dia 15, exceto quem a conhecera, o dia 15 seria o dia em que Veronika teria desaparecido pra sempre de suas vistas e memórias. 


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Kettering

Na maioria das vezes me acho meio louco meu modo de relação com as pessoas. Eu não consigo ser meia, não consigo fingir sentimentos. Não existe meio termo. Sou extremamente transparente e acredito que justifica muito minha solidão. Mas não reclamo de tal, já tornou-se parte de mim.
O que eu quero dizer é que não consigo ir na praia e molhar só os pés, gosto de mergulhar, por teimosia, talvez. Tenho um histórico de relações um tanto fodido mas mesmo  assim nunca me deixei desistir - o que não significa que nunca pensei em fazê-lo.

E o que acontece é que eu amo estar por perto de quem eu amo, gosto de cuidar, mimar. Tudo o que eu sinto vem do coração, nada é fingido. Não consigo desejar o mal para ninguém, nem mesmo as pessoas que por motivos randômicos não gostam de mim. E esse é o motivo pelo qual eu me ferro tanto. Nunca colocaria alguém que eu amo em uma situação desconfortável, muito pelo contrário. Se há algum desconforto faço de tripas coração para que tudo fique melhor. Qual o problema das pessoas em retribuir isso? Porque tudo tem que ser transformado em jogo?

A honestidade é gratuita.
Não machuca.
Use sem moderação.

O mundo agradece.


terça-feira, 8 de setembro de 2015

Com todo amor,

ansiedade
substantivo feminino
  1. 1.
    grande mal-estar físico e psíquico; aflição, agonia.
  2. 2.
    fig. desejo veemente e impaciente.


     A ansiedade sempre fez parte da minha vida, sempre fui uma pessoa que sofre por antecipação e isso é fato. Ultimamente tem sido maior que tudo, maior até mesmo que eu. E muito frequentemente sou pega com nós na garganta, mãos frias, náuseas recorrentes. O pior de ser ansiosa é que a ansiedade nunca vem sozinha. Vem junto da insônia, paranoia, tristeza. Não é fácil lidar com tudo isso somado a uma série de problemas que existem na cabeça de pessoas de 20 e poucos anos que nem eu. Uma semana atrás me percebi sufocando de medo de perder algumas pessoas que participam ativamente da minha rotina, minha singela rotina de estudante/ estagiária. Tive medo de perder uma pessoa extremamente importante, e por conta desse medo, me vi agindo defensivamente, como se eu já tivesse perdido tal pessoa. Me vi querendo magoá-la da mesma forma qual eu havia sido magoada. E é assim que o sofrimento por antecipação age. Me vi perdendo uma pessoa por medo de perdê-la. Então precisei de uma longa pausa comigo mesma para reavaliar meu modo de agir para com cada um que convive comigo. Respirei fundo e adotei alguns mantras pra meus relacionamentos. 

   O mantra número 1 foi: "Ninguém pode estragar meu dia além de mim.
   
   O mantra número 2 foi uma citação de Chuck Palahniuk do livro "Invisible Monsters" que fala: "My inventory of people who can save me is down to just me." Em uma tradução livre  "Minha lista de pessoas que podem me salvar se resume a apenas eu".    
   O mantra número 3 e meu favorito é um trecho da música "Skinny Love" da magnifica banda Bon Iver que fala " Be patience, Be fine, Be balanced, Be kind" E sua tradução significa "Seja paciente, Esteja bem, Seja balanceado, Seja gentil"
Quando uma situação que  dispara o gatilho da ansiedade, paranoia e antecipação de sofrimento surge, repito os mantras quantas vezes necessário e respiro fundo, muito fundo. Nós todos somos passivos a tais acontecimentos, e já dizia Vanguart "Tem dias que a vida é um ato de coragem".

Comecei a escrever esse texto pois fiquei extremamente ansiosa com uma prova importante que está pra chegar e eu percebi que não sei de muita coisa. Mas se for pra ser vai ser. E eu tenho tomado muita coragem pra tudo, bem louca mesmo. Tem dias que levantar da cama é uma luta e eu tenho vencido essa luta há vários dias. Estou feliz e orgulhosa por mim, por não ter tido mais crises de ansiedade ou de depressão. Enfim, espero ajudar quem passa por tudo isso que eu passo. Pra encerrar, uma frase de Epicuro que eu achei interessantíssima:

“NÃO ESTRAGUE O QUE VOCÊ TEM DESEJANDO O QUE NÃO TEM; LEMBRE-SE QUE O QUE VOCÊ TEM AGORA UMA VEZ FOI UMA DAS COISAS QUE VOCÊ ESPERAVA.”