As últimas preces eram sussurradas em seu quarto escuro. Ela nunca havia se sentido dessa forma antes. A pequena luz que carregava dentro de si havia se apagado. Onde estava a garota sorridente de anos atrás? Ninguém saberia responder. Ninguém saberia responder também o que havia de tão errado dentro da cabeça da pequena Sabrina. Porque seu mundo tinha se estreitado e se deixado perder as cores. Sua memória era como um velho vídeo cassete com uma velha fita que insistia em se repetir dia e noite. Nunca haveria paz, nunca haveria sossego. A não ser que...
Abraçou as próprias pernas mais forte, sentia que se continuasse a chorar dessa forma, os soluços a partiriam em várias partes, pequenos pedaços de vidro. Pedaços de vidro fino e delicado que não aguentaram os baques da vida. Se dirigiu a pequena mesa, onde apanhou suas pequenas folhas verdes, seus diários e sua caneta. Começou a escrever mais um texto, onde sempre depositava sua dor. Onde entrelinhas, descrevia seu momento. Não iria pegar a caneta uma última vez para fazer uma despedida. Não diria adeus à ninguém. Só estava sendo levada pelo dilúvio. Na pequena folha verde escreveu uma música. A música que pertencia aos últimos segundos da velha fita, da velha memória, da velha criança. "There is another world, there is a better world, well, there must be, well, there must be..." Era a última estrofe. Pegou o conjunto de pílulas, tomou-as de uma vez e dormiu. Encontrou a paz que tanto procurou. Encontrou a tranquilidade. Finalmente se sentiu leve. Tão leve que sentia que voava... "bye, bye..." O último verso dizia...
Nenhum comentário:
Postar um comentário