domingo, 26 de fevereiro de 2012

Take me home.

Só mais alguns minutos. Enquanto carregava a arma, sorria. Finalmente iria se ver livre da dor, da agonia, das lembranças, dos pensamentos. Se dirigiu ao seu quarto, reparou em cada fotografia pela casa, lágrimas brotaram a ver uma em especial, onde estava com sua mãe, abraçadas e sorrindo sinceramente. “Era tudo tão calmo, tudo tão bom. Eu costumava ser eu.” - murmurou. […] Foi incrível a velocidade como tudo mudara. Como dentro de um ano ela deixara de ser a menina sorridente de sempre pra ser uma garota vazia, sem vida no olhar, sem som no raros sorrisos falsos que se forçava a dar. O que acontecera pra estar tudo daquela forma? Inúmeras perdas, inúmeras horas perdida na sua própria cabeça. A doença que consumia seu corpo. “Tudo vai acabar, só mais um pouco…” - pensou ela enquanto passava pelo longo corredor da sua casa. Sua casa? Ela não tinha casa, não tinha lugar, não pertencia a nada nem a ninguém. Sua vida não passava de mentira, de um buraco de gosto amargo e lembranças ácidas. Ela nunca pensou que iria morrer sozinha, mas não se importava, não mais. Percebera que o mundo era assim, que todos só se importam com a própria felicidade, que atropelam tudo e todos pra conseguirem o que querem. Ela estava sozinha, assim como esteve naqueles últimos 11 meses. Mas tudo mudaria, era dessa forma que ela pensava. Colocou o cano na boca e posicionou o dedo, fez sua oração e deixou sua carta em cima da cama. Imaginou na sujeira que iria fazer e sorriu, sua mãe ficaria irritadíssima por estragar a nova tintura do quarto. Puxou o gatilho e sentiu um topor. Suspirou e deixou se abraçar pela escuridão que à cercava. Um final vazio. Como toda a sua vida fora.

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