sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Cavalier

"Você não é uma má pessoa pelas maneiras que tenta matar sua tristeza"

     Como são estranhas as maneiras que as pessoas tem de lidar com términos. Lidar com a tristeza e com o fato de que sim, estão só. Talvez seja um processo necessário para que toda criatura existente na terra possa se perceber. Possa notar que, embora 90% das músicas digam o contrário, é possível ser feliz sozinho. Ninguém é de ferro, todo mundo fica na fossa alguma hora. E a mágoa leva as pessoas a se tornarem pessoas que elas não são. As pessoas são absorvidas por tais relacionamentos e esquecem quem são fora dele. Quando o namoro acaba, ficam sem saber quem são, pra onde estão indo. E é nessa hora que você decide se quer ser a pessoa obcecada ou a pessoa que junta os cacos, arruma a mala e vai embora. 

    Ir embora talvez seja a decisão mais difícil que deva ser tomada na vida. É muito difícil você olhar pra trás e reconhecer lugares, luzes e canções. Pra onde quer que você vá, vai existir um pedaço de história seu e do seu ex par. Acho que é assim que pulamos pra fase do término onde tudo de ruim que aconteceu é esquecido e o que fica é apenas a saudade. Saudade dos momentos bons, das risadas por bobagens que só os dois entendiam. É como se vocês estivessem dentro do filme "Inception". Vocês estavam juntos, construíram um mundo e de repente alguém pulou fora. Cabe a você decidir se você sozinho é capaz de cultivar e cuidar desse mundo, ou se você vai voltar pro seu antigo mundo (Por que sim, os mundos mudam e isso não pode ser negado). 

   A questão principal é quem você vai ser ao fim de tudo. Você vai ver que nada material vai perdurar. As coisas são só coisas. O que vai ficar é o que você sentiu. Mesmo que tenha sido sentido de forma singular. O que eu quero dizer é que não adianta você querer magoar alguém só por estar magoado. Não adianta infantilizar uma relação que foi bonita, mas que precisa ser parada. Não adianta se fechar. É tudo perda de tempo. Estamos no mundo para ser humanos, para sentir amor, tristeza, felicidade, euforia. De que adianta se robotizar e se privar de sentimentos por puro medo? 

   Seja sempre verdadeiro consigo mesmo. É só o que importa. Não se auto-destrua, não magoe, não insista. O que é seu vai ser seu no devido tempo. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Veronika decide morrer

And I sat watching a flower
As it was withering
I was embarrased by it's honesty


15/10
Um dia ordinário.
Assim como ela. 


              Veronika estava sentada no escritório enquanto ouvia repetidas vezes a música que seu companheiro de planos a indicou, anos atrás. Fazia muito tempo, e - como todos, ele já havia ido embora. Faltava apenas alguns minutos para ela poder voltar pra casa. Era até engraçado esse conceito de 'casa'.  "Casa não era pra ser o lugar onde você sente que pertence?" E quando não pertence a lugar algum? Onde será sua casa? 
Em meio a devaneios, se viu interessada, até demais, pela janela de sua sala. "Bem alto" pensou.  
Não queria se jogar daqui e causar sujeira, choque aos seus parentes e amigos, nem atrapalhar a vida de seus colegas de trabalho. Já havia feito estrago suficiente na vida de todos. 

              Ela havia decidido que se arrumaria nesta noite. Colocaria sua melhor roupa, se maquiaria da forma mais bela, faria enormes cachos no seu cabelo cor-de-rosa. Não se surpreendera com a frieza de seus pensamentos ao planejar seu suicídio, eles estavam congelados por anos.  Ela não queria nada chocante, só queria algo limpo. 

              Saindo do trabalho iria apreciar o ar da noite, sendo a última vez. Entrou em casa, viu cada pedaço de si dentro da mesma. "Como é confuso.." Viu o local onde cresceu, onde caiu de patins, onde teve as inúmeras brigas com sua irmã. Entrou no seu quarto antigo e se deixou devagar  pelas suas memórias. Foi tudo muito bonito. Escreveu cuidadosamente sua carta de despedida. Tudo planejado para parecer como uma fuga. Mais uma arte da louca Veronika, ninguém nunca mais a acharia. Se despediu de seus cachorros, fechou a porta. E caminhou para seu destino. Para nunca mais sentir dor, para nunca mais se decepcionar. Seria apenas paz agora. Seria apenas ela e o nada de uma forma onde o nem o nada poderia machuca-la.

              E foi assim que Veronika morreu. Num dia comum, numa semana sem acontecimentos. Ela havia se identificado com o dia. Só mais um dia, ninguém se importava com o dia 15, exceto quem a conhecera, o dia 15 seria o dia em que Veronika teria desaparecido pra sempre de suas vistas e memórias. 


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Kettering

Na maioria das vezes me acho meio louco meu modo de relação com as pessoas. Eu não consigo ser meia, não consigo fingir sentimentos. Não existe meio termo. Sou extremamente transparente e acredito que justifica muito minha solidão. Mas não reclamo de tal, já tornou-se parte de mim.
O que eu quero dizer é que não consigo ir na praia e molhar só os pés, gosto de mergulhar, por teimosia, talvez. Tenho um histórico de relações um tanto fodido mas mesmo  assim nunca me deixei desistir - o que não significa que nunca pensei em fazê-lo.

E o que acontece é que eu amo estar por perto de quem eu amo, gosto de cuidar, mimar. Tudo o que eu sinto vem do coração, nada é fingido. Não consigo desejar o mal para ninguém, nem mesmo as pessoas que por motivos randômicos não gostam de mim. E esse é o motivo pelo qual eu me ferro tanto. Nunca colocaria alguém que eu amo em uma situação desconfortável, muito pelo contrário. Se há algum desconforto faço de tripas coração para que tudo fique melhor. Qual o problema das pessoas em retribuir isso? Porque tudo tem que ser transformado em jogo?

A honestidade é gratuita.
Não machuca.
Use sem moderação.

O mundo agradece.


terça-feira, 8 de setembro de 2015

Com todo amor,

ansiedade
substantivo feminino
  1. 1.
    grande mal-estar físico e psíquico; aflição, agonia.
  2. 2.
    fig. desejo veemente e impaciente.


     A ansiedade sempre fez parte da minha vida, sempre fui uma pessoa que sofre por antecipação e isso é fato. Ultimamente tem sido maior que tudo, maior até mesmo que eu. E muito frequentemente sou pega com nós na garganta, mãos frias, náuseas recorrentes. O pior de ser ansiosa é que a ansiedade nunca vem sozinha. Vem junto da insônia, paranoia, tristeza. Não é fácil lidar com tudo isso somado a uma série de problemas que existem na cabeça de pessoas de 20 e poucos anos que nem eu. Uma semana atrás me percebi sufocando de medo de perder algumas pessoas que participam ativamente da minha rotina, minha singela rotina de estudante/ estagiária. Tive medo de perder uma pessoa extremamente importante, e por conta desse medo, me vi agindo defensivamente, como se eu já tivesse perdido tal pessoa. Me vi querendo magoá-la da mesma forma qual eu havia sido magoada. E é assim que o sofrimento por antecipação age. Me vi perdendo uma pessoa por medo de perdê-la. Então precisei de uma longa pausa comigo mesma para reavaliar meu modo de agir para com cada um que convive comigo. Respirei fundo e adotei alguns mantras pra meus relacionamentos. 

   O mantra número 1 foi: "Ninguém pode estragar meu dia além de mim.
   
   O mantra número 2 foi uma citação de Chuck Palahniuk do livro "Invisible Monsters" que fala: "My inventory of people who can save me is down to just me." Em uma tradução livre  "Minha lista de pessoas que podem me salvar se resume a apenas eu".    
   O mantra número 3 e meu favorito é um trecho da música "Skinny Love" da magnifica banda Bon Iver que fala " Be patience, Be fine, Be balanced, Be kind" E sua tradução significa "Seja paciente, Esteja bem, Seja balanceado, Seja gentil"
Quando uma situação que  dispara o gatilho da ansiedade, paranoia e antecipação de sofrimento surge, repito os mantras quantas vezes necessário e respiro fundo, muito fundo. Nós todos somos passivos a tais acontecimentos, e já dizia Vanguart "Tem dias que a vida é um ato de coragem".

Comecei a escrever esse texto pois fiquei extremamente ansiosa com uma prova importante que está pra chegar e eu percebi que não sei de muita coisa. Mas se for pra ser vai ser. E eu tenho tomado muita coragem pra tudo, bem louca mesmo. Tem dias que levantar da cama é uma luta e eu tenho vencido essa luta há vários dias. Estou feliz e orgulhosa por mim, por não ter tido mais crises de ansiedade ou de depressão. Enfim, espero ajudar quem passa por tudo isso que eu passo. Pra encerrar, uma frase de Epicuro que eu achei interessantíssima:

“NÃO ESTRAGUE O QUE VOCÊ TEM DESEJANDO O QUE NÃO TEM; LEMBRE-SE QUE O QUE VOCÊ TEM AGORA UMA VEZ FOI UMA DAS COISAS QUE VOCÊ ESPERAVA.”

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

i n f i n i t o

Até que ponto a esperança pode desgraçar a vida de um homem?
Passamos a vida na busca de dias melhores, baque após baque, derrota após derrota. Até que ponto é saudável acreditar que haverá um futuro promissor, onde a paz reinará?
Porque após um certo tempo, passei a questionar quanto tempo mais essa dor é suportável.] Eu não sei se posso aguentar mais disso por muito mais tempo. Tô cansada dos adeus, tô cansada das mentiras, tô cansada de estar rodeada de veneno.
Eu não sei se posso me abrir novamente pra sentir toda a podridão que vem de fora.
De que adianta todo esse esforço para se abrir pro mundo se no fim do dia estarei eu sozinha em frente a um computador escrevendo o que sinto pra não explodir? Ninguém liga. Ninguém liga, porque lá fora existe o egoísmo. Egoísmo corrompe a alma das pessoas. Infelizmente eu não nasci com o gene do egoísmo, muito pelo contrário. Chego a colocar tudo e todos antes de mim. Nunca entendi exatamente o porque. Na maioria das vezes eu só queria morrer e pronto. Acho que existe uma grande parte de covardia em mim, já tentei por um ponto final em tudo, nunca consegui. Devo acreditar que há uma força maior pedindo preu ter esperança por dias melhores?
Ou uma força maior querendo me castigar e me forçando a viver em um meio mizerável de vida?
Existe um grande vácuo em mim, uma galáxia infinita onde há escuridão e vazio. Mas não é só isso, existem coisas pelas quais se vale a pena tentar. Existem pequenas estrelas e um sol dentro do meu coração, me mantém aquecida, me mantém de pé. Me fazem querer ser teimosa, querer lutar. Seria egoísmo meu deixá-los? Ou egoísmo deles desejar que eu fique?
Esperança existe, só não sei até quando.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

De: Leu-se - Sobre a loucura e o amor.

IDIOSSINCRASIA 
s.f. - Particularidade comportamental própria de um indivíduo
(Etm. do grego: idiosugkrasía.as)

Dedicação, paciência; É necessário ter bolas para amar alguém. E talvez um bom estômago. Não é como nos filmes, não vem fácil, não se fica pra sempre. É preciso ceder, é preciso ter coragem, é estar disposto a se ter nós na garganta, a sentir o ácido do vômito subir à garganta. É necessário bons olhos, bons ouvidos e boa percepção para captar a loucura do outro, é imprescindível se apaixonar por tal loucura. Se apaixonar por tal loucura, viajar na mente do outro, olhando nos olhos, falando coisas desconexas, mas se sentir feliz. Por estar naquele momento, estar feliz de estar rindo com sua pior risada, de estar gritando bêbada na rua, de acordar desgrenhada e mesmo assim ainda enxergar os olhos, os mesmos olhos do outro te olhando como se você fosse um prêmio, como se você fosse a recompensa, como se você fosse a melhor pessoa do mundo. É preciso se apaixonar pela demência, e não a medicinal, sim a da alucinação, delírio, desvairo, insânia. É estar confortável ao lado da outra pessoa no seu pior estado, seja físico seja mental. É se apaixonar por um defeito, é amar o horror do outro. É fechar os olhos e se transportar pra pior cena, mas mesmo assim, enxergar a beleza de tal, porque a pessoa que você ama está lá. Amor não é como no cinema. Não é como nos livros. É muito pior. Amar é estar em um pesadelo e insistir em tal. É ter choques de realidade. É mergulhar na loucura. É amar a loucura do outro. 
O amor é uma desgraça.  Mas que desgraça miserável de boa, que me faz querer viver tudo de novo.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

I'm so scared of dying

Nunca fomos os melhores. Éramos suficiente e isso bastava. Estávamos presos no mundo que construímos, estávamos intoxicados por memórias que criamos, estávamos apegados à um sentimento que estava fino como lagos de gelo no verão. A cada passo que dávamos, rachava um pouco mais. A dor de afogar-se nesse lago seria maior do que a de sair dele? Desistimos na hora correta? Ou fomos covardes? Só o tempo dirá.

Eu sentirei muito a falta de todas as pequenas coisas. Mas... São só coisas. O que importa é a lembrança. Mas a lembrança insiste em me chicotear com seus braços de fogo. Aonde eu vá existe um pedaço de você. E dói, como dói. Como dói engolir tudo o que estou sentindo e ter que seguir em frente. Como dói saber que você não vai mais me abraçar da mesma forma. Como dói saber que nunca mais seremos da mesma forma.

Existe um buraco enorme no meu peito, quando caminho sinto o vento me atravessar. Letal, frio.
Existem nós no meu estômago, existe uma grande pedra na minha garganta, existe um grande vazio no meu coração.  Existe água nos meus pulmões. Como dói tentar respirar. Existe uma grande estúpida interrogação no meu cérebro.

É hora de fazer as malas, é hora de focar no futuro, chegou a hora de ir embora. Pra sempre, sem olhar pra trás, sem derramar nenhuma lágrima. É hora de respirar fundo, com ou sem água nos pulmões. Chegou a hora. Porque o mundo não para, o tempo corre. É uma pena que não volte atrás. Se voltasse eu estaria fazendo as malas, mas seria pra te encontrar no início de tudo.

Eu só sei que dentro de mim, nem que seja um pedaço de nada, vai te amar pra sempre. E eu vou guardar esse pedaço com todo o carinho que cabe em mim. Num canto especial onde só eu possa encontrá-lo. Onde eu possa fechar meus olhos e controlar o tempo. Onde eu possa dormir de novo nos seus braços. Onde tudo possa ser bom de novo.